Ao Meu Redor

31 julho 2005

Abaixo a “Arena Petrobrás”

Para fechar o domingo, outro jogo na Ilha (isso está se tornando insuportável). Dessa vez tivemos direito a confusão e, já que todo castigo para corno é pouco, lógico que eu fui envolvida. Paramos no sinal (eu e meu namorado) quando de repente um indivíduo saiu do canteiro central. Atordoada a criatura foi para o meio da pista. Pensando num possível assalto, fui logo fechando o vidro e dizendo: “João, tem algum problema acontecendo”. Meu namorado sempre otimista: “Não está acontecendo nada”... Bastou o término da frase para um “mulão” com umas vinte cabeças se jogar na frente do carro. A partir desse momento vislumbrei duas cenas, uma cinematográfica e outra histórica. Os seres, que a princípio iriam correr para o outro lado da rua, mudaram bruscamente de direção. Todos juntos, igualzinhos aos dinossauros de Jurassic Park, os torcedores viraram para o nosso automóvel e seguiram em frente. Eis que repentinamente o “milagre” se faz. O compacto bloco de indivíduos ensandecidos se abre como o Mar Vermelho e passa pelas laterais do carro... De Steven Spielberg a Bíblia em poucos segundos.

Febre de Shopping

Tudo bem, talvez meu lado consumista esteja um pouco aguçado. Mas a verdade é que não resisti e acabei dando um pulinho na Febre de Shopping, liquidação que aconteceu de quinta até hoje em vários shoppings do Rio de Janeiro. Meu destino foi o Nova América (aproveitando que já estava lá para o encontro dos Chevetteiros-RJ). Nunca tinha experimentado visitar um shopping em dia de mega-liqüidação e, sinceramente, o estabelecimento fica parecendo um camelódromo, no melhor estilo da Rua Uruguaiana. As lojas colocam seus produtos nos corredores e o espaço de circulação fica reduzido a um terço. Em meio a araras e balcões, o que mais chamou minha atenção não foram os descontos, que, aliás, nem eram tão grandes, mas sim as ações empreendidas pelos lojistas. A Toulon estava arrasando com seu tema “Demolindo os preços”. Os funcionários vestidos de pedreiro (com direito a capacete e óculos de proteção) compunham o cenário junto a vários adereços. A vitrine principal, atingida por uma bola de demolição, tinha rachaduras quase reais e dentro da loja uma placa dizia: “Desculpe o transtorno”. O Mundo Verde também não ficou atrás. Meninos de duende e meninas de fadinha. Muito fofo. Entre os seres místicos havia uma freira... É uma freira. Agora se ela não fazia parte da “decoração”, o que a senhorinha estava fazendo lá, pelo que eu saiba, freiras não devem acreditar em esoterismo, enfim... Mas a freirinha não foi a única momento “no sense” da Febre de Shopping. Em uma loja, que juro não lembro o nome, a temática era bruxas. Por quê? Sei lá, pergunte para o comerciante. O tema não tinha relação com o estabelecimento (caso do Mundo Verde) e nem com a liquidação (como na Toulon). Podiam pelo menos ter colocado algo do tipo: “Varremos os preços”, na linha “bruxa – vassoura”, enfim...

29 julho 2005

Regras estranhas

Acredito que tenha chegado a época de alistamento, pois nos quartéis da Ilha começa a se formar um amontoado de jovens, que se acumulam na entrada esperando serem atendidos. Hoje, a caminho do trabalho, passei em frente de um batalhão no exato momento que os adolescentes estavam indo embora. Alguns subiram no ônibus, outros não. De repente, sem a menor cerimônia, um dos rapazes abriu a janela por fora e, simplesmente, entrou por ela mesma, assim, bem ao lado do cobrador... E sem nenhuma advertência, viajou tranqüilamente até seu destino... Mas, se fosse um velhinho sem Riocard, pedindo para entrar por trás... Aí não pode.

28 julho 2005

Martela, martela...

Mais um infernal dia de jogo na bombante “Arena da Ilha”, pelo menos hoje não tive que agüentar a petulante duplinha tijucana. Em compensação, presenciei um fenômeno assustador. Meu irmão já havia relatado para mim o assédio dos cambistas que ele vivenciou numa etapa da Stock Car. Um alto esquema, tudo muito bem estruturado, mas é melhor não entrar em detalhes, enfim... Hoje vi o cerco chegar a porta do 634, antes mesmo das pessoas descerem do ônibus, os vendedores já estavam oferecendo o ingresso do evento futebolístico, faltou apenas entrarem no coletivo... Mais sufocante do que telemarketing, impressionante.

24 julho 2005

Parada estratégica para substituição

Diz o senso-comum que há algum tempo o brasileiro era mais apegado a marcas, enquanto hoje procura pelo produto mais barato. Efeito talvez dos remédios genéricos, sei lá... Porém, o fato é que, às vezes, certas economias são burras e o barato acaba saindo caro. Assim foi o caso que presenciei hoje. Imbuído pelo desejo de tomar um ovomaltine, meu amigo se dirigiu ao Girafas em troca do Bob’s, visto a diferença de preço. Sou testemunha de que sua namorada tentou removê-lo dessa idéia, mas não conseguiu. Resultado: o seu milk shake mal-batido veio no melhor estilo aula de química (como água e óleo, soluções que não se misturam), em cima o chocolate, embaixo o sorvete e ele próprio foi obrigado a admitir: “Às vezes, por centavos, você deixa de tomar o ovomaltine que queria...”. Mas nem sempre a troca de marcas é prejudicial, vide a Cacau Show, “versão genérica” da famosa Kopenhagen. Seu chocolate é maravilhoso e bem mais barato que o da irmã rica. As lojas estão espalhadas por todo o Rio de Janeiro e vale a pena conferir.

23 julho 2005

Menina dos olhos

Não sou uma pessoa consumista, mas devo admitir que, às vezes, comprar um objeto desejado há muito e um tanto quanto instigante... Nesse caso, o estímulo foi coletivo, já não era de hoje, que alguns integrantes da mesa redonda tinham como sonho uma panela de fondue. Finalmente, sábado passado essa aspiração foi concretizada (graças a Juju). Mesmo o clima não estando dos mais propícios, esse fim-de-semana estreamos a nova vedete, que, diga-se de passagem, está de parabéns pelo seu desempenho. É impressionante como um pouco de chocolate e uma boa conversa podem animar um indivíduo.

22 julho 2005

Mais uma da série “Meu emprego propicia”...

Essa semana, em meio a uma enxurrada de entrevistas visando projetos infantis, eu tive a oportunidade de conhecer um artista circense... Os atributos físicos do rapaz (que, pelo sotaque, acreditei ser chileno, mas, na verdade, era argentino) me chamaram atenção. Terminada a conversa, indaguei a minha chefe com um sorriso irônico: “Interessante o rapaz, não?”. A resposta foi melhor do que eu esperava: “Interessante mesmo. Além de apresentações infantis, o argentino também faz despedida de solteiro. Ele joga malabaris em cima de uma prancha de surf enquanto tira a roupa”. Peraí!!!! Como assim???? A dúvida que resta é: se ele consegue tirar a roupa e fazer malabarismo ao mesmo tempo, o que ele não faz quando as mãos estão livres???? Sim, porque ele precisa manusear alguma coisa, né????

21 julho 2005

Dark Side me aguarde

Há situações que são difíceis de agüentar por sua própria natureza, fila no ponto final de ônibus é uma delas. Se o coletivo for o 634 e se atrás de você estiver uma dupla “no sense”, um simples retorno para casa pode se tornar uma missão quase insuportável. Essa história começa pelo fim... Isso mesmo pelo fim. Para ser mais exata, o final de “A Guerra dos Mundos” que fui obrigada a ouvir enquanto aguardava, em pé e por mais de meia, a chegada do “buzão”. Alguém deve lembrar daquele comercial em que o molequinho sai do cinema e começa a percorrer a fila gritando: “A mocinha morre no final, a mocinha morre no final!!!”. Pois bem, me senti uma verdadeira participante dessa propaganda. Meu consolo é que não pretendia mesmo ver “A Guerra dos Mundos”, pois já tive péssimas recomendações... Porém, como falei, esse foi apenas o início. Para minha infelicidade, a dupla, por sinal pai e filho, sentou-se exatamente no banco atrás de mim. Ônibus em movimento e foi dada a largada para a sessão de frases toscas. Confesso que o barulho feito pela lata-velha do 634 não me permitiu compreender o tema do diálogo, mas algumas das pérolas soltas ao longo do trajeto são inesquecíveis: “a polícia tem mesmo que baixar o cacete", "se já sacou a arma mata logo todo mundo"... Dessa linha policial-assassina, a duplinha passou para as maledicências. Foi o momento de começar a malhar a Ilha do Governador. Com a abordagem desse assunto, pude finalmente entender o contexto da conversa e traçar um perfil dos interlocutores. O pai (divorciado e não residente na mesma casa que o filho) estava levando a prole para assistir ao jogo na bombante “Arena da Ilha”. As frases toscas eram parte integrante de uma brilhante teoria que visava acabar com as brigas nos estádios (controverso, não?) e as críticas a Ilha advinham de serem eles dois tijucanos natos... Após essa rápida dedução, enfureci-me. Como assim???? Não admito que qualquer morador da Tijuca, um dos bairros mais violentos do Rio, líder em roubos de carros, critique a Ilha... Tudo bem, que a Terra do Nunca tem seus defeitos, mas com certeza ainda é bem mais tranqüila do que a fervilhante Tijuca... Moro há 23 anos na Ilha e nunca fui assaltada, bastou pouco mais de um mês trabalhando na Tijuca para tentarem me roubar. Mas não tem problema não. Os senhores “donos-da-verdade” saltaram no ponto errado e eu nem falei nada... Vingança, que coisa feia!!! Às vezes acho que estou sendo tragada para o lado do negro da força. É o convívio com um irmão Lord Sith.

19 julho 2005

Tosco, muito tosco...

Imaginem a seguinte cena: você entra no banco, passa pela pelos caixas eletrônicos e, quando chega à porta giratória, é abordado por uma funcionária: “Bom dia, a senhora vai fazer o quê?”... Você pensa em falar: “Vou ao banco”. Mas respira fundo e responde educadamente: “Depósito”... No entanto, as indagações continuam: “Cheque ou dinheiro?”... Já sem paciência e com uma estúpida vontade de dizer “não te interessa”, você completa: “Dinheiro”... Conseguiram imaginar? Pois essa situação foi real, ou melhor, foi no Banco Real, e aconteceu comigo hoje mesmo. O objetivo das interpelações era me convencer a utilizar o caixa eletrônico. Tudo bem que o procedimento ajuda a diminuir as filas, mas, sinceramente, o local escolhido para a abordagem foi péssimo. Na porta do banco não dá, é expor demais o cliente. E se a pessoa for sacar... O que ela faz?? Diz: “Vou sacar mil reais, mas no caixa eletrônico só posso tirar seiscentos??" Impossible, ainda mais na Tijuca.

18 julho 2005

Como já dizia Roberto Carlos...

Há dois sábados, saí para comemorar o aniversário de uma amiga. Programa no estilo casal, nós duas e nossos respectivos namorados fomos parar no La Playa, restaurante instalado na Praia da Bica (Ilha do Governador). Não costumo mencionar o nome dos estabelecimentos, mas esse merece... Chegamos lá e encontramos exatamente o que desejávamos, um barzinho com música ao vivo. Sentamo-nos próximo ao rapazinho com violão e a noite foi correndo. Nenhum problema até detectarmos o primeiro nariz vermelho... Com três alérgicos a conclusão era óbvia: tinha alguém fumando no restaurante. A bendita fumaçinha vinha da mesa ao lado, chamamos o garçom e como resposta a nossa reclamação ouvimos: “A área de não-fumantes é aquela lá fora”. Entenda-se que “lá fora” é uma área onde você fica isolado de todo o restaurante, não houve a música e, dependendo do clima, fica exposto ao frio. Vou ter que admitir: “Falta de informação é uma droga”. Faz tempo, deixei de acompanhar o embate fumantes x não-fumantes. Numa das últimas vezes que ouvi algo sobre o assunto, tinham acabado justamente de instituir a divisão dos estabelecimentos em duas áreas. Assim engolimos aquela desculpa do garçom e acabamos ficando ali mesmo na área de fumantes. Pois bem, no sábado passado, enquanto estava na pizzaria, comentei sobre o ocorrido com uma amiga, que logo retrucou: “É proibido fumar nos restaurantes, aquela lei dos shoppings vale para qualquer estabelecimento”. Intrigada com o fato, fui pesquisar na internet e só tenho uma coisa a dizer: “Artigo 2, da lei federal 9294/96 - É proibido o uso de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou de qualquer outro produto fumígero, derivado ou não do tabaco, em recinto coletivo, privado ou público, salvo em área destinada exclusivamente a esse fim, devidamente isolada e com arejamento conveniente”... Agora começo a entender porque o anúncio do La Playa fala em três ambientes... É o salão (para os fumantes), a “área lá fora” (para não-fumantes) e o banheiro, que, aliás, nem é dos melhores.

17 julho 2005

Máquina do tempo

Apesar do abandono, o bairro de São Cristóvão respira história e lá foi o ponto de partida desse domingo. O propósito de visitar o local era o encontro de carros antigos que ocorre todo mês no Museu Conde de Linhares. Tenho que admitir, o encontro é muito bem organizado e noventa por cento dos automóveis são dignos de serem aplaudidos de pé. No entanto, o que me despertou o interesse não foi a exposição nos jardins do museu, mas sim as peças exibidas no seu interior. O espaço que já foi sede de vários regimentos militares abriga hoje tanques e armas utilizados em combates e missões de paz. Alguns dos caminhões expostos participaram da Segunda Guerra, outros estiveram em Angola a serviço da ONU, mas apesar do uso diverso, ambos cheiravam a morte. Essa descrição pode parecer estranha, porém foi o que senti ao entrar num dos veículos. O “caminhão-dormitório” tinha direito a pia, armário, cama, escrivaninha, telefone e até sofá. Em cima da mesa havia uma foto aparentemente tirada dentro do transporte. Os três oficiais esboçavam sorrisos, mesmo assim o ambiente ainda tinha cheiro de morte. Achei o museu lindo e muito bem organizado. O passeio vale a pena. Agora, um detalhe, quando visitarem o local, perguntem se vocês podem entrar nos veículos... Pois é, minha curiosidade é inversamente proporcional ao meu tamanho e, por isso, fui invadindo sem nem pedir permissão. Corri um sério risco se repreendida por um dos “milicos”, enfim... Mas se o domingo começou revivendo o passado, chegou ao fim respirando a pós-modernidade nos efeitos especiais do filme “O quarteto fantástico”. Película muito interessante por sinal, que vai além de um simples HQ adaptado para as telonas. Por trás do enredo, os personagens da Marvel levam o público a refletir sobre sentimentos e relações de poder. Show, mais um para minha listinha de filmes.

16 julho 2005

Lembretes espirituais

Cada vez acredito mais na providência divina... Essa semana turbulenta e mal-humorada, só poderia terminar com um belo estudo sobre violência (para aqueles que não sabem, sou espírita e freqüento o centro todos os sábados). Um tapa com luva de pelica é muito bom para acordarmos... Ainda bem que os amigos estão sempre lá, nos apoiando... E assim terminou o sábado, com os “miguinhos”, que mais uma vez tiveram disposição para rodar a cidade atrás de um rodízio de pizza... Se o clima contribuir, teremos novidades no próximo fim-de-semana.

15 julho 2005

Será? Será?

Essa semana minha paciência esteve no limite extremo e qualquer tipo de acontecimento a minha volta era capaz de me irritar profundamente. Se possível calaria o mundo para ficar em silêncio total, mas não havia essa possibilidade... Então lá estava eu, no bendito 634... Quando pego o ônibus de dezoito e pouco costumo encontrar um grupo que se senta no fundo do coletivo, no melhor estilo turma da cozinha (aquela galera dos tempos de escola que só queria saber de zona). Alguns passageiros os amam, outros os odeiam. Geralmente, eu sou indiferente a eles, até consigo dar umas risadas com as gracinhas soltas ao longo da viagem, mas não nessa semana. A mínima menção de qualquer baderna já me tirava do sério. Para tornar mais crítica a situação, eu só consegui um lugar bem no meio do grupinho e logo pensei: “viagem infernal”... Durante o mantra que entoava com o objetivo de controlar meu mau-humor, subiu no ônibus um ambulante, que rapidamente engatou um papo com os “membros da zona”. Conversa vai, conversa vem... A prosa foi parar nas eleições de prefeito, realizadas ano passado, e eis que o vendedor solta a seguinte pérola: “O César Maia ganhou roubando. Se acontecesse comigo, o que aconteceu com as pessoas da minha casa, eu tinha denunciado. Quatro dos meus familiares foram votar, apertaram o 22, número do Crivela, mas apareceu a foto do César Maia seguida da frase ‘prefeito atual’, eles acharam que fosse para confirmar o nome do atual prefeito e apertaram o sim...”. Papo de vendedor não costuma ser confiável, será que esse era?

14 julho 2005

O Rio lidera o campeonato

Hoje presenciei outra nova modalidade criminal, quer dizer, mais ou menos nova, eu já tinha ouvido falar, mas nunca havia visto, são os roubos a bicicleta. Quando sai do trabalho, notei que existiam dois ou três garotos dando voltas no quarteirão, só que até aí nada demais, mesmo porque a Tijuca é um bairro residencial... No entanto, foram necessários apenas alguns minutos para uma senhora exaltar-se: “Tá vendo, tá vendo, ele queria me assaltar... Se eu não tivesse feito um escândalo. Agora, todo dia eles ficam aqui, rodando de bicicleta”... Pois é, dois a um para o Rio. Eita, semaninha violenta!!!

11 julho 2005

Ficamos empatados

Tudo bem, o problema pode até não ser o Rio, mas também é no Rio. Ontem, enquanto passeava calmamente, meu amigo não imaginava o ato, aparentemente de puro vandalismo, que estava por ocorrer. Após deixar seu Chevettinho no estacionamento do Nova América, ele foi bundiar pelo Shopping... Na volta, o alarme acionado já adiantava a catástrofe. O vidro do motorista havia se transformado em meros caquinhos. Chamado, o segurança fez o registro fotográfico, aspirou o carro e o Nova América vai arcar com o prejuízo. Felizmente nada foi roubado, mas ficam duas lições. Número um: nunca deixe seus pertences dentro do veículo, lembremos que os estabelecimentos não se responsabilizam pelos objetos deixados no interior do automóvel. Número dois: de preferência, estacione o carro em pontos mais movimentados, como as portas de entrada... O meliante vai pensar duas vezes antes de roubar um veículo, caso ele corra o risco de ser pego em flagrante.

10 julho 2005

Ossos do ofício

É impressionante como uma inocente viagem de trabalho pode comprovar a desordem estabelecida na maior cidade brasileira. As cenas relatadas a seguir aconteceram semana passada com dois colegas que tiveram a infelicidade de aportar nas tumultuadas ruas paulistanas. Bastou sair da rodoviária para que eles fossem abordados por um distinto cavalheiro. O discurso era básico: “Eu acabei de deixar a 77 (Delegacia de Polícia) e tô sem dinheiro, não tenho como voltar pra casa”... Seria mais fácil se ele tivesse anunciado logo: “Isso é um assalto”, enfim... Deve ser uma nova técnica criminal, com base na Psicologia, é claro. A palavra “assalto” coloca o abordado numa posição de vítima, a pessoa sente-se agredida, foi roubada, a polícia não funciona e por aí vai. Já nesse novo método, o indivíduo tem a sensação de que fez o bem, foi caridoso, afinal de contas, ajudou um ex-presidiário, um excluído que todos olham com preconceito... Visto por esse prisma, as conseqüências psicológicas são bem menores... O cidadão não fica com medo de andar pelas ruas e ainda terá orgulho de seu ato beneficente... Mas voltando ao planeta Terra, a história não termina aqui. Quando já estavam aparentemente seguros, cada qual executando sua função no interior da empresa, um funcionário do edifício os abordou: “Desculpa, mas os senhores vão ter que ir embora. São oito da noite e ninguém pode mais ficar no prédio”... É o toque de recolher inerente aos morros cariocas dominando os edifícios paulistanos... Impedidos de trabalhar, o jeito foi voltar para o hotel. Contudo, não sem antes ver uma belíssima apresentação do balé oficial da polícia, rodopiando com suas armas pesadas em magníficos cavalos-de-pau. Depois o problema é o Rio.

09 julho 2005

Crianças...

Essa cena aconteceu ontem. Estava "passeando" no supermercado quando de repente ouvi: "Fulano, você vai ao banheiro sozinho? Toma cuidado, meu filho". A resposta foi imediata e seguida de um riso: "Manhê, você acha que eu sou bebê?"... Segundos depois, o menino, que devia ter uns sete anos, estava brincando de guerra com um inimigo invisível...

08 julho 2005

Eureca

Enquanto Marcelo D2 está procurando a batida perfeita, Samuel Rosa (Skank) encontrou a letra ideal:

Por Um Triz
(Samuel Rosa / Rodrigo F. Leão)

Brandiu assim o ferro quente
E seu rosto em minha mente
Foi queimando feito cicatriz

Do corpo estreito quase ausente
O cheiro ardido e transparente
Era certo da questão o “x”

Que o líquido fermente
Se separem as sementes
Ponham-se os pingos nos “is”

Que a lente do amor aumente
Faça em presença o que é ausente
Porque só se vive por um triz

Só o amor pode juntar
O que o desejo separou
Não poderia ontem se
Vestir de amanhã

Só o amor pode apagar
O que o desejo rasurou
Inventaria ontem
Pra existir amanhã

07 julho 2005

Diametralmente opostos

Diálogo travado entre mim (M) e um aparente “funcionário” (F):

F: - Alô.
M: - Alô, é da empresa B?
F: - Não...
M:- O telefone é 5555-2222?
F: - É esse, mas não é daqui não...
M: - Ah, desculpe, foi engano.
F: - Você quer falar com quem?
M: - Com a empresa B.
F: - Qual o departamento?
M: - RH.
F: - Ah, espera aí, que não é esse o ramal não... Vou te dar o direto.

Minutos depois, o telefone toca (eu – M; interlocutor – I):

I: - Alô, a Mirian, por favor.
M: - Quem deseja?
I: - Fulana, da empresa A.
M: - Sou eu...
I: Oi, Mirian. Você me ligou a pouco pedindo o telefone do MKT... Conseguiu falar naquele número que eu te dei?
M: - Não consegui não, ninguém atende...
I: - Eu também fiquei tentando, mas não consegui. Só agora foram atender, mas o responsável já tinha ido embora. Se ainda for útil para você, amanhã posso tentar novamente, caso arrume o contato, te ligo, tudo bem?
M: Claro, seria ótimo... Fulana.

É o encontro da vontade de trabalhar com o desleixo total...

04 julho 2005

Está explicado...

Murphy deixou de perseguir o Rafael para entrar na minha vida, só pode ser isso... Lá estava eu, nas Lojas Americanas, morta de fome... (pois é, irmão, comprando biscoito e não te alimentei denovo)... quando uma senhora rasgou a fila e passou a minha frente... Confesso que estava com tanta fome que nem havia notado a transgressão, mas de repente dei um suspiro tão forte (tenho o costume de suspirar quando estou entediada) que a senhora voltou-se para mim e perguntou “Aqui começa a fila?”... Bem, pelo menos, ela perguntou ao invés de me olhar com desdém... Mesmo não consumado o ato, a urucubaca do biscoito está terrível, se não fosse o suspiro ia ser passada para trás mais uma vez... É Murphy, é Murphy.

03 julho 2005

E a vida continua...

Não tem nada melhor do que se formar e nesse domingo pude sentir novamente um pouquinho dessa sensação... Fui “obrigada” a comparecer na formatura de um amigo, sob o risco de não ganhar atestado caso faltasse (ele pertence a mais nova leva de açougueiros, quer dizer, médicos formados pela UFRJ...). A euforia vivenciada pelos universitários é simplesmente contagiante... A sensação de que tudo está acabando, mesmo que você não esteja se livrando por completo da faculdade; a experiência de ver as brincadeiras programadas se concretizarem, mesmo que não saia tudo perfeito, são momentos únicos, não tem comparação... Posso até sentir saudades da Uerj, não da rotina, muito menos de fazer trabalhos loucos, mas da galera, do convívio diário, das piadas no hall e por aí vai... Muito bom tudo isso... Às vezes, esse negócio de ficar velho é chato por demais. Ainda bem que o pessoal da (agora famosa) mesa redonda estava lá, lembrando que a “vida adulta” também pode ser divertida, é só sabermos aproveitá-la... Aliás, a noite terminou em grande estilo, numa pizzaria MA-RA-VI-LHO-SA, com direito a rodízio de massa e mais uma experimentação alimentícia (pelo menos para mim). Nunca havia degustado pizza de chocolate com sorvete, é divino, a tentação derivada do cacau fica congelada e parece calda quente... Delicioso... Os dentes sensíveis é que sofrem um pouco. E foi assim, após pedirmos uma régua ao garçom para homenagearmos nosso amigo “médicozinho”, que saímos de mais uma pizzaria com fama de loucos.

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Algumas figuras uerjianas
em nossa festa de formatura

02 julho 2005

Experiências alimentícias

Amigos e comida são partes imprescindíveis da minha existência e, geralmente, no sábado, esses dois elementos se congregam... É o ritual da mesa redonda... Calma!!! Não estou falando de nenhum rito de magia negra, no qual inofensivos animais são sacrificados... A cerimônia da mesa redonda trata-se apenas da reunião de cinco amigos (em torno de um móvel esférico) com o objetivo de saborear deliciosas iguarias e falar besteira, muita besteira... Hoje, em especial, o encontro foi privilegiado, além de somarmos mais dois membros a esse seleto grupo, tivemos a oportunidade de degustar novas e inusitadas guloseimas... Já iniciamos os trabalhos no próprio estacionamento do Extra. O primeiro item atacado foi o revolucionário Club Social de mel e cereais. Perfeito do início ao fim, a embalagem é belíssima e o sabor delicioso (apesar de nem todos os integrantes concordarem. Também, né, quiseram comer um biscoito doce com requeijão... aí não dá...). Só uma advertência, cuidado com a quantidade ingerida, os efeitos podem ser catastróficos (meu namorado que o diga... hehehehe...). Ao longo da noite experimentamos o Pudim 5 minutos, da Royal... Nas versões morango e chocolate, o placar ficou empatado. O primeiro sabor tem gosto de Quick e, para tornar a situação ainda pior, colocamos leite demais... Virou lama, uma papinha de bebê com aspecto nojento... Terrível e intragável. Pelo menos o de chocolate salvou a sobremesa. Mesmo com a dedada de meu querido amigo (dedada no pudim, tá?), o gosto era bom, lembrava Danette... Esse vale comprar. Pena que uma ilustre participante não compareceu a essa edição da mesa redonda... A água de coco em pó é simplesmente fenomenal, quando fica aguada então... hummmm... delícia...

01 julho 2005

O mundo grita

Tem determinadas cenas que me deixam muito tristes, como a que presenciei hoje... Quase uma da manhã, estava voltando para casa com meu irmão, vínhamos andando pela rua e conversando, ou melhor, eu fazia um monólogo (meu maninho estava meio de mau-humor, muito trabalho). Quando chegamos às proximidades de casa, comentei: “Tem um morador de rua na nossa porta”, meu irmão tomado pelo espírito do Papai Smurf (ele não é sempre assim) deu umas resmungadas e eu completei: “Mario, ele não tem casa”... Ele não tem casa, essa idéia me assombra... Reclamamos de tudo, de que o irmão ocupa muito espaço no quarto, de que a mãe fez batata cozida e a gente queria frita... E aquela pessoa não tem nem um pão para comer, os poucos pertences que ela possui ficam espalhados no chão, onde pisamos (e muitos até cospem)... E a gente reclama porque o chuveiro quente queimou. As diferenças sociais sempre me comoveram, desde criancinha, a ponto de não acreditar em Deus quando era nova, mas essa descrença o Espiritismo já resolveu (ainda bem)... Nos últimos tempos, tenho prestado muita atenção nos moradores de rua da Tijuca, são em número exorbitante... Mas quando é na porta de sua casa, incomoda, soa como um tapa na cara (e com luva de pelica). Já trabalhei com assistência a população de rua, preciso retomar esse trabalho... São essas ocupações que dão sentido a vida.