O mundo grita
Tem determinadas cenas que me deixam muito tristes, como a que presenciei hoje... Quase uma da manhã, estava voltando para casa com meu irmão, vínhamos andando pela rua e conversando, ou melhor, eu fazia um monólogo (meu maninho estava meio de mau-humor, muito trabalho). Quando chegamos às proximidades de casa, comentei: “Tem um morador de rua na nossa porta”, meu irmão tomado pelo espírito do Papai Smurf (ele não é sempre assim) deu umas resmungadas e eu completei: “Mario, ele não tem casa”... Ele não tem casa, essa idéia me assombra... Reclamamos de tudo, de que o irmão ocupa muito espaço no quarto, de que a mãe fez batata cozida e a gente queria frita... E aquela pessoa não tem nem um pão para comer, os poucos pertences que ela possui ficam espalhados no chão, onde pisamos (e muitos até cospem)... E a gente reclama porque o chuveiro quente queimou. As diferenças sociais sempre me comoveram, desde criancinha, a ponto de não acreditar em Deus quando era nova, mas essa descrença o Espiritismo já resolveu (ainda bem)... Nos últimos tempos, tenho prestado muita atenção nos moradores de rua da Tijuca, são em número exorbitante... Mas quando é na porta de sua casa, incomoda, soa como um tapa na cara (e com luva de pelica). Já trabalhei com assistência a população de rua, preciso retomar esse trabalho... São essas ocupações que dão sentido a vida.
1 Comments:
Foi bom vc escrever isso aqui, me faz perceber o quando eu me incomodo com pequenos problemas, como o trabalho, e acabo deixando de ver que muitos tem problemas muito mais sérios que os meus...
By Anônimo, at 03 julho, 2005 18:11
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