Ao Meu Redor

31 março 2006

Recaída

Sim, eu sei. Há menos de quinze dias eu prometi que pararia de postar músicas na íntegra. Nascia a seção "Frase do dia, semana, mês..." e era nesse espaço que entrariam alguns pequenos trechos, os mais significativos... Só que nessa canção do Roupa Nova é impossível selecionar um trecho, ela é simplesmente perfeita! Então aí vai uma pequena recaída minha, afinal, tem sempre uma música que fala por mim.

Já nem sei mais
Composição: Kiko / Ricardo Feghali / Nando

Às vezes não entendo o frio
Que o silêncio traz
Me leva a sonhos tão vazios
Já nem sei mais

De manhã, buscando a minha paz
Meu desejo vai te procurar

Eu tenho a luz das estrelas
Na palma da mão
Mas tudo o que eu mais quero
É o seu coração
Eu posso andar no arco-íris
Dar prata ao luar
Mas no céu azul
No azul do mar
Quero poder te tocar

Me pego olhando tão distante
Quanto tempo faz
Será que vai ser como antes
Já nem sei mais

Amanhã, quem sabe eu possa te achar
Tanta coisa eu tenho pra falar

Eu tenho a luz das estrelas
Na palma da mão
Mas tudo o que eu mais quero
É o seu coração
Eu posso andar no arco-íris
Dar prata ao luar
Mas no céu azul
No azul do mar
Quero poder te tocar

25 março 2006

A ordem natural das coisas

Está lá, em todos os livros de ciência (pelo menos estava quando eu era criança), o Homem nasce, cresce, se reproduz e morre, essa é a ordem natural... Ou deveria ser. Há alguns dias fui surpreendida com a notícia de que uma ex-colega de trabalho desencarnou no auge dos seus 22 anos. Ela não teve chance de formar uma família e sabem por quê? Por que a ordem natural não é necessariamente a que desejamos, a que acreditamos ser, a que tentamos a todo custo fazer ser... Ela é simplesmente a que precisa ser. É assim que vemos crianças e jovens partindo antes de seus pais, casais que pensávamos eternos se desfazerem, amigos que jurávamos terem nascido para aquela profissão trocarem de rumo... Os livros de ciência não explicam tudo, há mais mistérios entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia. Há os desígnios divinos, há um planejamento superior temporariamente esquecido por nós e mesmo que insistamos num caminho paralelo, uma hora encontramos nossa direção.

18 março 2006

Algo novo no ar

É com extrema honra que anuncio o surgimento de uma nova seção no "Ao meu redor". Como musicista e escritora encruada que sou, sempre encontro nesse mundão de meu Deus algum verdadeiro músico ou escritor que conseguiu colocar no papel meus mais intrínsecos pensamentos. Assim, para evitar posts com músicas e mais músicas, citações e mais citações, nasce hoje a seção "Frase do dia, semana, mês..." (Tudo depende da freqüência de atualização do blog, né?). A frase de inauguração é dedicada a todos os meus amigos. Estejam eles perto ou longe. Sejam eles vistos apenas uma ou duas vezes no ano. Tenhamos nós contato apenas pelo messenger, Orkut, e-mail ou através de comentários em nossos respectivos blogs... Enfim, não importa, porque a proximidade física pode não ser muita, mas a amizade é "tronco forte que não quebra, não entorta".
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** Essa frase vai em especial para uma fadinha chamada Nina, que tem me "ouvido" muito pelo messenger e pelo e-mail.

14 março 2006

Direto para a "Ciência Hoje"

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Sempre soube que minha verdadeira vocação não era a jornalística. Devia realmente ter seguido meu desejo infantil e cursado Veterinária. Só uma pessoa com total talento para a ciência tem a capacidade de descobrir tão naturalmente uma espécie rara como as topeiras gasosas. A descoberta foi realizada na última quinta-feira, dia 09, e hoje consegui fotografar a espécie numa de suas principais atividades, a pagação de cofrinho. Apesar de aparentemente calmo, esse estranho mamífero produz barulhos ensurdecedores, sendo impossível conviver com sua manada. Infelizmente, para não afugentar os animais, não pude fotografar todo o bando, que gira em torno de uns cinco ou seis exemplares. Se você ficou interessado em observar o cotidiano desse interessante espécime, basta solicitar a Ceg uma instalação de gás no seu prédio.

09 março 2006

Sabedoria popular

Reza o ditado que de médico e louco todo mundo tem um pouco, mas não eu... Definitivamente, não sirvo para viver entre hospitais, doenças e cenas contundentes do flagelo humano. Sobra-me, portanto, a loucura... Assim, com essa metade de dito sobrevivo imersa em outros dizeres populares, procurando pêlo em ovo e chifre em cabeça de cavalo. O pior é que um dia eu encontro...

03 março 2006

Encontro de almas

Pode até parecer falta de criatividade, mas juro que não. O fato é que “pintou um clima” entre eu e essa crônica do Veríssimo. Enquanto falava ao telefone, lá estava ela, despretensiosa, estendida no chão, junto com inúmeras notícias de 2004, secando a água derramada. Esse curioso encontro de almas merece ser aqui documentado, então segue o texto:

Pintar um clima

Pobres dos tradutores. Fico pensando em como alguém traduziria a frase “pintou um clima” do brasileiro para qualquer outra língua. Nem o sentido da frase é traduzível sem perder em espírito e concisão. “Criou-se uma inesperada atmosfera de atração mútua” não é exatamente a mesma coisa. “Clima”, no caso, ainda dá para transportar com o sentido mais ou menos intacto, mas “pintar” como sinônimo de “aparecer” ou “acontecer” só com um vasto preâmbulo explicativo. Pobres tradutores.

E nós sabemos que a frase não significa apenas uma súbita alteração erótico-ambiental de expectativas entre duas ou mais pessoas. Tem também uma conotação fatalista, de algo acontecendo contra a vontade e o melhor juízo da gente, de algo que não deveria pintar, mas, que diabo, pinta. Um padre pode estar casando um homem e uma mulher e de repente o seu olhar engata com o da noiva e pronto, pinta um clima. O padre se perde na sua fala, gagueja, esquece o que tem que fazer. A noiva deixa cair a aliança. Quando os noivos vão se beijar, o padre grita “Não!”. Consternação na igreja. O padre atira longe os seus paramentos, pega a noiva pelo braço e os dois saem correndo da igreja. Ou então o clima se limita àquele roçar de olhares, o melhor juízo prevalece, a cerimônia chega ao fim e não pinta mais nada.

O clima pode pintar nos lugares e nos momentos mais inconvenientes. O Bituca escapa pela margem do campo com a bola junto aos pés. Passa por um, passa por dois. Vai cruzar na área. Vem o zagueiro Betão e entra de carrinho, chutando o Bituca e a bola juntos. Os dois se enroscam no chão. E pinta um clima! O que fazer? Os dois não são homossexuais. Aquilo nunca aconteceu com eles antes. Simplesmente pintou um clima. Que não dura muito, claro. O jogo precisa continuar. Por via das dúvidas, na cobrança de escanteio, quando o agarramento na grande área é comum, os dois ficam bem longe um do outro.

O clima não pode ser induzido. Perfumes, iluminação especial, poesia, pornografia, Miles Davis com surdina – nada cria um clima, quando o clima não quer pintar. Mas há notícias do clima pintando em situações extremas, entre pessoas perdidas na selva, umas com as outras ou com bichos e plantas e da frase “pintou um clima” sendo aceita como defesa em casos de adultério e sexo com mobília. Ninguém sabe exatamente o que é (não a gíria, mas o fenômeno) “pintar”, no caso. Pode ser uma reação eletroquímica, pode ser metafísica, ninguém sabe. Quando pinta, pinta. O mistério da atração humana permanecerá para sempre um mistério. E intraduzível.
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** Discordo com o Veríssimo apenas em um ponto. Para mim, esse “clima” não é necessariamente uma atração sexual, pode ser apenas um encontro de almas, a descoberta de uma pessoa que você passe a ver como um possível companheiro.