Ao Meu Redor

31 dezembro 2005

Fechando o Ano Velho

Quando cinco mentes insanas se juntam para bolar explicações razoáveis, tudo pode acontecer. Foi assim que ontem meu grupo de amigos entrou a madrugada dando início a grande comemoração do Ano Novo, que está programada para terminar apenas domingo. A receita empregada na sexta-feira foi simples: pessoas dispostas a se divertirem reunidas em torno de um joguinho de tabuleiro. Pois é, um joguinho de tabuleiro, no mesmo estilo em que jogávamos quando criança e que os pequenos de hoje preterem em detrimento do games eletrônicos. No jogo, chamado “Enciclopédia”, os participantes têm que responder a perguntas distribuídas em cartões. Caso você não tenha a mínima idéia da resposta correta, precisa tentar escrever algo plausível para que os outros jogadores votem na sua explicação, acreditando ser esta a verídica. O fato é: chega uma hora que você não tem idéia do que inventar, aí, então, rolam as respostas esdrúxulas e hilárias. Abaixo estão as melhores de ontem:

P.: Como as velas de aniversário continuam acendendo após serem apagadas?

R1.: Em seu pavio é colocado uma pequena quantidade de rastilho de pólvora, o que mantém a chama por mais tempo (As velas deviam vir com um aviso: “Cuidado, material explosivo!).

R2.: Um dos materiais usados nas velas, uns cristais especiais, fazem esse fenômeno. (Por incrível que pareça, essa é a resposta certa).

P.: Por que nunca vemos filhotes de pombos?

R1.: Aparentemente não são considerados pombos e são conhecidos como rolinhas (Pois é, dão anabolizante para a coitada da rolinha virar pombo).

P.: Por que o tempo máximo para o arremesso no campeonato da NBA foi estipulado em 24 segundos?

R1.: Porque o responsável pelas regras da NBA é gay, amante inveterado do número 24 (Desistiu de competir, jogou a toalha e virou a mão...).

P.: Por que a letra grega pi (aquela que vale 3,14...) foi escolhida para representar a razão entre o perímetro de um círculo e seu diâmetro?

R1.: Pois a letra grega em sua expressão simbólica representa dois pilares sustentando um telhado, ou seja, uma casa, que para ser erguida se faz necessário a aplicação da razão do perímetro pelo diâmetro (A casa caiu).

R2.: Por ser a melhor representação de um círculo nos tempos de Pitágoras Mackenzie (Quem????)

Infelizmente, nem todos os jovens entendem que diversão não precisa estar relacionada com bebidas, drogas ou destruição dos bens alheios. Ao sairmos da casa de nosso amigo, flagramos três rapazes em suas scooters pixando o portão da garagem... Enfim, um dia todos serão conscientes.

29 dezembro 2005

Reflexões shakespearianas

Ser ou não ser... eu. Eis a questão! Coitado, Shakespeare deve estar se revirando no túmulo. Mas só esta livre adaptação de sua famosa passagem pode definir precisamente o que as nada célebres frases ouvidas por mim têm me levado a pensar. É impossível não perceber o que a tentativa de adquirir um comportamento brando e tolerante vem extraindo dos que me cercam. Já pude ouvir de tudo, começando com "Todo mundo é bom para você, Mírian" (1997), passando por "Lá vem a Mírian, sempre politicamente correta." (2004) e terminando em "Não força a barra, Madre Mírian de Calcutá" (2005). As datas entre parênteses indicam os anos em que os diálogos foram travados. Distância grande, é verdade. Esse negócio de se aperfeiçoar é difícil e tolerância é uma das características que preciso desenvolver. Não deveria me incomodar com o incômodo alheio, mas ainda não consigo. Prova de que faltam muitos degraus para que eu seja realmente tolerante. Estou longe do exemplo de abnegação e resignação de Madre Tereza de Calcutá. Agora, se o caminho que venho tentando seguir me parece correto e se a posição que estou tentando adotar perante a vida me faz bem, por que mudar? Assim, declaro aqui: escolho ser eu... Essa é a primeira resolução do meu novo ano, que no calendário tem início daqui a quatro dias apenas, mas para mim começou hoje mesmo.

24 dezembro 2005

Virada natalina

Estava mesmo me posicionando contra... Shoppings abertos por 32 horas! Para que tudo isso? Cadê o verdadeiro espírito de Natal? Sentimentos de harmonia, paz, amor ao próximo... Será que restou apenas o consumismo desvairado? Acabou que ontem à noite fui parar num shopping, sem saber que era um dos sete shoppings cariocas, que encarou, ou melhor, está encarando a maratona natalina. Descobri o fato quando os shows programados para esquentar a “noite-madrugada” iam começar. A abertura ficou por conta dos “Pororocas”, banda formada pelos ex-integrantes do “João Penca & Seus miquinhos amestrados”. Além de relembrar músicas das antigas, o grupo mostrou seu novo trabalho. Os, atualmente, coroas entraram na onda da “surf music”. Pois é, “surf music”. Com sandálias havaianas, bermudões de surfista e letras hilárias, como a que diz “Eu nunca vi surfista argentino”, os “senhores” empolgaram o público. É claro, o público que sabia aproveitar o que é bom. Via-se, obviamente, que os coroas estavam lá por puro prazer, no melhor estilo, “não precisamos mais fazer sucesso, tocamos para nos divertir”. Mas o mal-educado fã-clube da púbere “Acústika”, que faria o segundo show, estava tendo orgasmos em avacalhar os “Pororocas”. Definitivamente, o jovem brasileiro tem que aprender a olhar para trás e valorizar nossa história, mas ao invés de reconhecer o valor do passado, a juventude prefere se agarrar a ídolos passageiros. Não sei por que tanto escândalo por aquelas quatro garotas... Elas têm um ar de estrelinhas e nem tocam tão bem assim para fazerem esse gênero. Demoraram séculos para subir ao palco, com seus “roadies” afinando os instrumentos, para elas depois desafinarem na hora de apresentar seu “rock-pagode” (rock meloso), enfim... Vendo no telejornal de hoje o estresse enfrentado por alguns vendedores e o desespero das pessoas para conseguirem comprar tudo o que desejavam, continuo sendo contra a exacerbação do consumo. Natal é sim para demonstrar carinho com parentes e amigos, mas quem disse que carinho só se demonstra com presentes. Agora, verdade seja dita, a idéia dos shoppings oferecerem shows nas madrugadas é bem atraente. Principalmente, naqueles bairros onde não se tem muitas opções noturnas de diversão. Não é preciso que as lojas fiquem abertas, basta uma praça de alimentação funcionando com apresentações interessantes... como a dos “Pororocas”, é claro.

20 dezembro 2005

Eu recomendo!

Ainda bem que as amizades existem. Só mesmo os amigos para falarem, fazerem e estenderem a mão nos momentos exatos.

"Menina, tenha fé, em tudo o aprendizado está e com certeza você está amparada pela espiritualidade. Que Deus esteja sempre com você é o meu maior desejo"

Esse é o resultado do "amigo culto"** que fizemos no último sábado. Uma noite agradável, com pessoas agradáveis e com música da melhor qualidade (Roupa Nova Acústico). Acima transcrevi um trecho da dedicatória que ganhei junto com meu livro. Meu presenteador não é muito afeito a escrever, pois pertence ao mundo dos números e não das letras. No entanto, essas palavras, símbolos de seu esforço pessoal, dizem tudo o que preciso ouvir, não apenas hoje, mas em vários momentos da minha vida. Ainda bem que as amizades existem.

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** "Amigo culto" = amigo oculto, no qual os presentes trocados só podem ser livros.

18 dezembro 2005

Por enquanto...

Mudaram as estações, nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Tá tudo assim, tão diferente

Se lembra quando a gente
chegou um dia a acreditar

Que tudo era pra sempre sem saber
que o "pra sempre" sempre acaba


Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém só penso em você
E aí, então, estamos bem

Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está
Nem desistir, nem tentar, agora tanto faz...
Estamos indo de volta pra casa

... É isso!

10 dezembro 2005

Meio termo

Sei lá... Talvez esteja com mania de perseguição. A verdade é que nunca fui muito a favor das teorias clássicas de Comunicação Social. Entre os apocalípticos e os integrados, fico na terceira via. Não acredito que somos joguetes na mão da mídia, como apregoam os apocalípticos, mas também não sou de fazer uma ode aos benefícios dos meios de comunicação, conforme os integrados. A mídia não determina nossas escolhas, pois temos discernimento. No entanto, como tudo ao nosso redor, tem a capacidade de influenciar nossos gostos e nem sempre essa influência é benéfica. Minha vida de desempregada tem deixado muitas horas de ócio em frente à televisão e comecei a ver um complô da Rede Globo. Numa onda de influência nada benéfica, a grandiosa emissora inundou sua programação com funk. Tudo teve início em América com a Raíssa (Mariana Ximenes) e o seu “som de preto”. Calma!!! Antes que eu tome um processo por preconceito racial, vou explicando que essa expressão é parte de um funk usado na novela. A letra diz: “É som de preto, de favelado, mas quando toca, ninguém fica parado”. Só que o funk não ficou restrito ao horário nobre e se espalhou por toda a grade da Rede Globo. O “Caldeirão do Huck” está com seu concurso de performance; na “Malhação” temos o Bonde do Rafão e o DJ Las Vegas; o “Vídeo Show” obviamente já tratou de fazer uma matéria com o Rafa (Ícaro Silva) numa entusiasmada visita ao baile funk e colocou os artistas globais para dançarem no “Vídeo Game”. A mente dos pequenos também não ficou de fora. Numa tentativa de se reerguer, a gloriosa rainha Xuxa regravou alguns de seus antigos sucessos em versão funk e lançou o “Só para Baixinhos 6”. Não bastasse esse assassinato, entrará em cartaz um filme com a Xuxinha, em que pelo trailler, há ao menos um funk. O auge da sufocação veio com uma matéria sobre o funk em São Paulo, veiculada no “Jornal da Globo” de ontem. Essa reportagem foi a gota d’água, tinha que escrever. Não detesto esse estilo musical, abomino, na verdade, o que atualmente é chamado de funk. Letras vulgares, que em sua grande maioria menosprezam as mulheres, colocando-as como objetos, pedaços de carne, o que torna essa onda global nada benéfica. O verdadeiro funk tem que ter cunho social, uma expressão dos guetos, da periferia. Funk para mim é: "Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci". É preciso banir essas ditas músicas com letras pobres que grudam no córtex cerebral e não saem nem com cirurgia. Afinal, “nem toda brasileira é bunda”.