Meio termo
Sei lá... Talvez esteja com mania de perseguição. A verdade é que nunca fui muito a favor das teorias clássicas de Comunicação Social. Entre os apocalípticos e os integrados, fico na terceira via. Não acredito que somos joguetes na mão da mídia, como apregoam os apocalípticos, mas também não sou de fazer uma ode aos benefícios dos meios de comunicação, conforme os integrados. A mídia não determina nossas escolhas, pois temos discernimento. No entanto, como tudo ao nosso redor, tem a capacidade de influenciar nossos gostos e nem sempre essa influência é benéfica. Minha vida de desempregada tem deixado muitas horas de ócio em frente à televisão e comecei a ver um complô da Rede Globo. Numa onda de influência nada benéfica, a grandiosa emissora inundou sua programação com funk. Tudo teve início em América com a Raíssa (Mariana Ximenes) e o seu “som de preto”. Calma!!! Antes que eu tome um processo por preconceito racial, vou explicando que essa expressão é parte de um funk usado na novela. A letra diz: “É som de preto, de favelado, mas quando toca, ninguém fica parado”. Só que o funk não ficou restrito ao horário nobre e se espalhou por toda a grade da Rede Globo. O “Caldeirão do Huck” está com seu concurso de performance; na “Malhação” temos o Bonde do Rafão e o DJ Las Vegas; o “Vídeo Show” obviamente já tratou de fazer uma matéria com o Rafa (Ícaro Silva) numa entusiasmada visita ao baile funk e colocou os artistas globais para dançarem no “Vídeo Game”. A mente dos pequenos também não ficou de fora. Numa tentativa de se reerguer, a gloriosa rainha Xuxa regravou alguns de seus antigos sucessos em versão funk e lançou o “Só para Baixinhos 6” . Não bastasse esse assassinato, entrará em cartaz um filme com a Xuxinha, em que pelo trailler, há ao menos um funk. O auge da sufocação veio com uma matéria sobre o funk em São Paulo, veiculada no “Jornal da Globo” de ontem. Essa reportagem foi a gota d’água, tinha que escrever. Não detesto esse estilo musical, abomino, na verdade, o que atualmente é chamado de funk. Letras vulgares, que em sua grande maioria menosprezam as mulheres, colocando-as como objetos, pedaços de carne, o que torna essa onda global nada benéfica. O verdadeiro funk tem que ter cunho social, uma expressão dos guetos, da periferia. Funk para mim é: "Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci". É preciso banir essas ditas músicas com letras pobres que grudam no córtex cerebral e não saem nem com cirurgia. Afinal, “nem toda brasileira é bunda”.
2 Comments:
Ai "minina" como eu gostei deste seu post e principalmente desta última frase... Eu sempre fui prejudicada neste adereço, e tinha um complexo danado, até chegar aos 40 e não ter celulite caidassa e minhas amigas, antes popozudas, estarem aí feiudas (como dizia minha caçula). Mas sobre esta LAVAGEM CEREBRAL, me preocupa enormemente. Ana dança um funk como ninguém, o bum bum parece pular do corpo dela, mas e as letras? O BB já é rapaz, mas mesmo assim acho que as coisas estão destorcidas. Eu, como eterna estudante de música,acho que o rítmo é delicioso, contagiante, mas estas letras são deploráveis...O jeitoé procurar sair mais com as crianças, tirá-las da frente da telinha... Ei, sai da telinha, você tem o mar aí (que inveja...) Beijões!
By Claudinha ੴ, at 10 dezembro, 2005 20:37
Só tenho a dizer que é deplkorável a situação que chegamos.....viva os primórdios da verdadeira Black Music (Funk, Soul, Break, Blues...)
Salve Tim, Sandra de Sá, Jorge Ben Jor, Celso Blues Boy, Zizi Top, Ray Charles, Tracy Chapman, Jackson Five, The Platters e muitos outros monstros.
Fui...
Tatu
By Anônimo, at 19 dezembro, 2005 08:43
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