Ao Meu Redor

31 maio 2005

...mas tem sempre alguém para injetar ânimo

Como falei no post anterior, passado o susto do tiroteio em Manguinhos, a viagem seguiu rotineiramente... Quando estava não muito distante da minha casa, entrou no ônibus uma mulher com um bebê de colo e uma criança de mais ou menos oito anos. Enquanto o mais velho passava por debaixo da roleta, ela contava que havia acabado de retirar o menorzinho do hospital, pneumonia, mas não tinha dinheiro para os remédios... por isso, seu filho iria passar recolhendo qualquer ajuda... Não estou aqui para discutir se a história era verdadeira ou não, nem se devemos dar “esmola” ou não, o alvo desse post é a atitude de um dos passageiros... por acaso o rapaz que estava sentado ao meu lado. Vestido de modo simples, ele carregava uma sacola de supermercado, que eu já havia notado conter leite, chocolate em pó e biscoito... provavelmente alimentos que levava para o(s) seu(s) filho(s). Quando a criança passou pela primeira vez ele recolheu todas as moedas que tinha no bolso e deu para o menino, que continuou a percorrer o ônibus... Então o rapaz olhou para o saco de compras e sem pensar duas vezes chamou a criança e lhe entregou um pacote de biscoito... Atitude que pode parecer simples, afinal, para muitos o que é um pacote de biscoito... Pode parecer simples porque não pensamos na dimensão dos nossos atos. Ver que as pessoas ainda podem ter um gesto espontâneo de bondade com um desconhecido contribui para diminuir o olhar de desconfiança que, desde a tentativa de assalto, venho lançando sobre o outro. Com essa atitude simples o rapaz ajudou não só aquela família, mas também esta pobre desacreditada do mundo... Lembremos sempre que as palavras comovem, mas os exemplos arrastam.

Às vezes fico desacreditada do mundo...

Nas últimas quatro semanas me vi envolvida em uma série de acontecimentos “violentos”... Tentaram me assaltar na Tijuca, meu irmão foi alvo do falso seqüestro que estão aplicando pelo telefone, voltando do trabalho presenciei um “pega” entre o ônibus em que estava e um motorista transtornado e, para terminar, essa semana passei por Manguinhos no exato momento em que a polícia invadia a favela... Todos os motoristas estavam dando ré e voltando na contramão, devido ao tamanho, o ônibus não tinha condições de fazer o mesmo... O motorista decidiu então cruzar a Leopoldo Bulhões... Ônibus muito cheio, meio-fio muito alto e o veículo acabou preso na calçada, mas no fim tudo deu certo. O motorista conseguiu soltar o ônibus e, como o tiroteio havia cessado, seguiu pelo itinerário previsto. Nunca fui uma pessoa paranóica daquelas que não saem depois de determinada hora ou que estão sempre analisando as pessoas a espera de um possível assalto... Mas esses acontecimentos me levaram a compreender melhor esse tipo de indivíduo, geralmente pessoas que já foram alvo de alguma violência e ficaram traumatizadas... Tenho que admitir que nos primeiros dias após a tentativa de assalto andava pelas ruas olhando para os lados... no melhor estilo “estou sendo perseguida”, mas depois passou, pelo menos a maior parte das paranóias passou... O mais triste de tudo é ficar com a sensação de que não podemos acreditar nas pessoas, perceber que quando olhamos para o outro, ao invés de buscar as qualidades, pensamos que ele pode nos fazer algum mal... É isso que não quero para mim.

30 maio 2005

É muito difícil entender o ser humano – Parte II

E continuo tentando compreender os indivíduos que encontro pelo caminho... Segunda, dez e alguma coisa da manhã, estou indo para o trabalho quando resolvo passar no shopping. Destino? Lojas Americanas. Estou decidida a comprar um biscoito para comer no ônibus. Estranhamente, não questiono que marcar levar, sei com exatidão a que desejo. Tomada dessa singular certeza, atravesso a porta da loja e chego ao tão sonhado corredor dos biscoitos... Após pegar dois pacotes (sabe como é, né? É sempre bom ter um de reserva...), desço o corredor em direção aos caixas. Quando estou saindo da seção, cruzo com uma consumidora que passa ao meu lado e diz: “Comendo biscoito às 10 horas da manhã!!!”... Um, eu não estava comendo, eu estava comprando. Dois, quem disse que eu iria comer o biscoito às 10 horas da manhã... Tá, tá certo, eu iria, mas ela não tinha nenhum indício que comprovava esse fato, eu poderia estar levando para comer mais tarde. Portanto, a distinta senhora estava falando sobre algo que nem ao menos tinha certeza... Fica a pergunta: Por que o ser humano adora se meter na vida dos outros ao invés de tomar conta da sua própria vida? Se alguém souber a resposta, poste aqui, por favor.

28 maio 2005

Indignação televisiva

Mesmo depois de passar quatro anos estudando Jornalismo, é impressionante como a televisão ainda consegue me enojar... Estava desfrutando do meu terceiro dia de feriadão, quando lembrei de assistir ao Caldeirão do Huck, aliás, o que costumo fazer todos os sábados. Eis que ligo a televisão e dou de cara com nada mais, nada menos que a filha de nosso ilustríssimo Ministro da Cultura, Preta Gil... Não me contive. A revolta foi tanta que na mesma hora alguns questionamentos pularam da minha boca e foram cair direto nos ouvidos do meu irmão: “A Preta Gil não dá audiência, ninguém deixa de sair para ver a Preta Gil se apresentar, mas ela é amiga do Luciano Huck e, por isso, tem espaço garantido no programa... Agora, se você liga para a produção do Caldeirão e pede para encaixarem um artista novo... para cantar apenas uma musiquinha... a resposta é: ‘Desculpa, esse artista não vai dar audiência’..., mas a amiguinha do apresentador tem espaço!!!!” e depois desse desabafo ouvi uma taxativa frase do meu irmão: “você sabe que a tv funciona assim...”.

27 maio 2005

Mais que lutas extraordinárias e personagens esquisitas

Nunca fui muita fã de Star Wars, mas aprovetei que a empresa enforcou o feriado de Corpus Christi e fui assistir ao filme mais comentado dos últimos dias. Tá, tudo bem... foi também um modo de fazer uma média com meu namorado, afinal ele me levou ao zoológico ontem... Agora, tenho que dar o braço a torcer, gostei do filme. Pela primeira vez, eu consegui apreender uma moral, uma história por trás de todos aqueles efeitos especiais surpreendentes (deve ter sido porque em todos os outros episódios eu dormi...). O fato é que essa sexta ou terceira parte (como preferirem chamar) mostra de forma interessante a transformação moral de uma pessoa, como alguém, buscando alcançar um objetivo que considera nobre, pode enveredar pelo caminho errado e acabar não apenas deixando de atingir sua meta, como também perdendo tudo aquilo que conquistou. Tenho que confessar ainda que ver aquelas letrinhas subindo na tela grande é muito mais emocionante que assistir ao dvd em casa. Definitivamente, vale a pena passar mais de duas horas no cinema.

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26 maio 2005

É muito difícil entender o ser humano

Mas o feriado de Corpus Christi não terminou no zoológico... Voltei para casa e resolvi passar no supermercado. Tive então a oportunidade de ouvir uma daquelas histórias que só ocorrem na Ilha do Governador... Presenciei uma das faxineiras do supermercado contando a duas consumidoras um caso que poderia até ser engraçado, senão nos levasse a questionar a intenção das pessoas. Ela relatava que na outra filial da empresa (também na Ilha) todos os dias uma senhora pegava um carrinho e ficava passeando pelo supermercado. Costumava experimentar todas as amostras grátis distribuídas pelas promotoras (até aí tudo bem, afinal essas amostras são mesmo para serem degustadas), mas não saciada com as pequenas porções, a senhora atacava os cachos de uva expostos para venda até se fartar. Como ninguém falava nada, esse comportamento se repetiu inúmeras vezes. Um belo dia estava a faxineira fazendo seu trabalho quando a senhora começou a cuspir os caroços das uvas no chão. “Tudo bem”, pensou a profissional, “vou limpar os carroços”... Terminada a munição, a “consumidora” resolveu escarrar no piso... motivo? Não sei... simplesmente decidiu cuspir e o fez inúmeras vezes, até que a faxineira perdeu a paciência e quase partiu para cima da senhora. Resumo da ópera: a profissional foi transferida de filial. Alguma advertência a “consumidora”? Que eu saiba não... Agora, o que eu não consigo entender é qual o motivo para a senhora agredir a profissional (sim, porque essa atitude foi agressiva)? O que ela ganha com isso? A sensação de que é superior (eu cuspo e você tem que limpar...). Por que algumas pessoas gostam tanto de espezinhar as outras? Juro que não entendo... Não sou melhor do que ninguém, mas algumas pessoas realmente me surpreendem...

Um passeio de contradições

Estou pasma... fui ao zoológico nesse feriado de Corpus Christi e estou surpresa de como um local pode congregar tantos ganhos e perdas. Não ia lá desde uns sete, oito anos de idade (eu acho) e, depois de todo esse tempo, é impressionante como o zôo cresceu em estrutura. Foram criadas várias áreas que permitem um contato diferenciado com os animais, como a passarela da fauna (acho que é esse o nome), o viveirão, o exoticum (espaço para animais exóticos – aranhas, cobras e pingüins) e a casa dos morcegos (que abriga alguns animais de hábitos noturnos – tatus, corujas e morcegos, claro!). As mais interessantes (pelo menos para mim) são o viveirão e a passarela, ao entrar nessas atrações me senti praticamente uma personagem do Jurassic Park. O viverão é uma área telada em que você fica junto às aves (só faltava terem ressuscitado um pterodáctilo) e, na passarela, os visitantes caminham sobre os animais soltos em um “parque”, que reproduz o habitat natural das espécies. O problema começa justamente aí, nas espécies existentes no zoológico. O número e a variedade de animais diminuíram consideravelmente... a maioria das jaulas possuía apenas um exemplar de cada espécie ... nada de companheiros (as) e, portanto, nada de filhotinhos para darem continuidade a população do zôo. Faltavam também animais que sempre fizeram parte da atração, como o rinoceronte e os flamingos, enquanto sobravam primatas e outros gêneros de aves. Já com relação à espécie humana podíamos encontrar alguns exemplares de outros continentes... rs... fiquei surpresa com o enorme grupo de... japoneses, chineses, coreanos?... (sei que tem diferença, mas não sei identificar)... bem, enorme grupo de pessoas com olhinhos puxados que passeavam pelo zôo. Corria o risco apenas deles acabarem sendo integrados a população do zoológico, já que poderiam não achar a saída. Poucas eram as placas escritas em inglês, uma vergonha para uma cidade turística como o Rio. Apesar, dessas deficiências continua valendo muito a pena levar filhos, sobrinhos, afilhados para esta atração ecológica (ou até mesmo ir sem crianças, como é o meu caso), ainda mais em um tempo como o nosso, no qual o contato com a natureza é tão pouco, que o zôo precisa criar uma mini-fazendinha para aquelas crianças que, nem ao menos, conhecem vacas, cavalos e galinhas.

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