Ao Meu Redor

29 abril 2006

Breves considerações – Parte I (não tão breves assim!)

Política já foi um tema que gostei de discutir, os adolescentes sempre acham que podem mudar o mundo e que essa mudança começa lá por Brasília. Não que eu tenha desistido de um mundo melhor, mas hoje entendo que não é minha a responsabilidade de mudá-lo por inteiro e que muito menos a modificação vem de cima para baixo. Essa metamorfose de pensamento, no entanto, não me impede de continuar olhando para o nosso Planalto Central e um acontecimento ocorrido lá essa semana me chamou a atenção. O assunto é polêmico: a reserva de cotas nas Universidades Federais. Particularmente, eu não sou a favor, seja ela para negros, índios ou estudantes de escolas públicas. Não podemos resolver um problema de base agindo nas conseqüências. A exclusão dos negros iniciou-se em 13 de maio de 1888, o fim da escravatura jogou nas ruas do Brasil uma enorme massa, em sua maioria analfabeta, sem meios de empregar-se dignamente, sem meios de suprir o próprio sustento, sem meios de buscar educação. Começava a delinear-se assim a mais baixa classe social brasileira, algo que hoje abrange, sem análises mais profundas, miseráveis e pobres. Não estou dizendo (e é bom deixar claro nessa época de processos por racismo) que todos os pobres e miseráveis do Brasil sejam negros. Primeiro, porque é quase impossível apontar a raça de alguém num país multi-étnico como o nosso. Segundo porque existem pobres e miseráveis de pele mais clara (chamemos assim), resultado de outras adversidades enfrentadas pelos brasileiros (vide o rebaixamento da classe média durante a Era Collor). Porém o fato é: são as pessoas de pele tendendo ao escuro que hoje formam em peso a classe mais pobre do Brasil.

Nesse ponto chegamos a uma intersecção: esses “negros” são também, em sua maior parte, os cidadãos que ocupam os bancos das escolas públicas. Foi isso que a falta de oportunidade gerada em 1888 provocou. Uma grande massa que ao longo de 118 anos viveu a margem de nossa sociedade, sem dinheiro para ter o básico: comida, moradia, vestuário, saúde e educação. A carência do mínimo necessário nos faz olhar hoje para as escolas públicas e encontrar uma juventude que, mesmo cursando o Ensino Médio, não consegue dizer se um número é em par ou ímpar e isso não é apenas um exemplo, é um caso verídico. Não adianta, portanto, somente inclui-los na faculdade, não adianta tratar as conseqüências. É preciso todo um trabalho de baixo para cima, um trabalho de base. Escolas fundamentais, médias, profissionalizantes de melhor qualidade; empregos para que essas pessoas se alimentem com decência; hospitais, postos, enfim, saúde para que se empenhem no trabalho.

A simples inclusão na universidade pode até gerar alguns adultos com mais condições, que possam dar melhores oportunidades aos seus filhos. Porém, não serão todos. Passagens, xerox, livros, alimentação, tudo isso custa dinheiro... Dinheiro que nem eles, nem as famílias têm. Virão os abandonos de cursos, as cadeiras ociosas e o desperdício de verba pública, que poderia ser aplicada nas escolas de base. Cada uma localizada ao lado da casa de um desses jovens. Eles poderiam não concluir uma faculdade, mas quem sabe seus inúmeros irmãos e irmãs não conseguiriam este feito? Realmente, parece injusto a geração atual, em idade de cursar o nível superior, ter que desistir para pensar em seus irmãos mais novos... No entanto, para corrigir um erro de 118 anos é preciso que alguns sejam sacrificados e o mais lógico é sacrificar a minoria.

Aparentemente o assunto encerrou-se aqui, mas não. Falta ainda comentar sobre os índios e sobre o acontecimento que chamou minha atenção para Brasília, aquele que falei lá em cima... Só que isso é um post e não um trabalho acadêmico de “Realidade sócio-econômica brasileira”, então, fica para o próximo!

21 abril 2006

Sutis fronteiras

Amizade ou algo mais; ignorar ou simplesmente não ouvir o que foi dito; ser aprovado, mas não classificado por dois pontos. A vida é assim, cheia de linhas tênues, pequenas distâncias que sufocam o ser humano a todo instante. Agora, se a questão fosse encerrada nesse ponto seria fácil. Mas é claro que não satisfeito em se posicionar em uma das metades, o homem busca imaginar os caminhos que poderiam tê-lo levado a opção não alcançada. Aí como diria o outro: já era! É o momento no qual a famosa "síndrome do se" invade a mente do ser humano, levando-o a loucura... Mas se eu tivesse feito isso e se eu tivesse dito aquilo... Pois é, se eu tivesse acertado mais uma questão, se eu tivesse descansado melhor, se eu tivesse escolhido Produção de tv e vídeo (huumm... Essa foi a primeira área que pensei em me inscrever. Será que era para eu ter escolhido ela?!?!). Racionalmente, esse ser humano aqui, já sabe que as coisas acontecem do modo como precisam acontecer. Portanto, se não foi classificado era porque não deveria passar mesmo. Mas que é muito duro de aceitar, isso é. Também, quem falou que seria fácil?

14 abril 2006

Presença

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Vista na janela da minha sala ontem, quase umas seis da tarde. Levantei o toldo e lá estava ao som de "La forza della vita" (Renato Russo). Não precisa dizer nada, basta sentir a presença!

09 abril 2006

Breve diário

Segunda - Estranhamente, muito estranhamente, minha Amélia está ligada e lá vou eu arrumar a casa!!! Nem sabia que tinha esse dispositivo em mim, achava que havia nascido com defeito de fabricação...

Terça - Ai meu Deus! A Amélia continua acionada! Resolvo organizar meus papéis!?! Tá, isso só perde em estranheza para arrumar a casa... Ainda bem que uma amiguinha petropolitana me fez sair, se não era capaz de atacar as coisas do meu irmão e arrumá-las, é claro! Bem que ele ia gostar...

Quarta - O fadado dia 5 chegou. A ansiedade toma conta do meu pequeno ser. Os melhores lugares para mim nesse dia são virtuais: os sites da Folha Dirigida e da Fundação José Pelucio. Preciso saber o resultado da Fiocruz! As horas passam, espero mortalmente em frente a TV (já não tem muita coisa para arrumar em casa...) e nada! Resultado adiado para o dia 18. Já são umas cinco da tarde, não vale a pena ir até a Uerj... Lembrei que esqueci: o estudo de sábado! Humm, lembrei que esqueci denovo: não tenho as obras básicas (que vergonha, preciso ajudar o Gefa comprando uns livros). Já sei, solução óbvia: vou pegar as obras na internet (eu sei que tem...) . Lá vai a Mírian para a Lan House e... Não acredito está tendo festa na Lan! Viagem perdida, volta a Mírian para casa! Trimm, trimm: "Alô, João! Vc pode me emprestar seu Livro dos Espíritos e seu Evangelho?"

Quinta
- Ótimo, de posse de pelo menos duas obras básicas. Ih, mas sem planilha! Vou fazer o seguinte: pego a planilha do outro estudo (os temas são parecidos, sabe?) e monto alguma coisa... Lá vai a Mírian para a Lan House outra vez... Pasta do irmão bloqueada, não consigo gravar a pesquisa, não consigo acessar o disquete, gracinhas sobre o fato de eu usar a senha do meu irmão (por que tudo está me irritando tanto?), Lan ameaça fechar mais cedo; internet cai, ligo para o irmão, pelo menos não tem nenhuma criancinha dos infernos com mãe histérica na Lan... Ufa, depois de algumas lutas, consigo tudo o que preciso. Vou para casa, mas não sem antes comprar uma barra de chocolate no shopping (para ver se melhora o humor, sabe?). No meu do caminho, trimm trimm: "Fala, irmão!". "Vc esqueceu o disquete comigo" e... volta a Mírian para a Lan, pega o disquete e mais uma vez vem para casa. Chega, computador e... os arquivos não abrem. Ainda bem que lembrava mais ou menos da onde tirei as reportagens. Pequiso rapidinho e pronto, falta só finalizar a tentativa de estudo. Então, trimm, trimm (já não sei se adoro ou odeio o telefone): "Tia Mirinha, a planilha chegou para mim". "Beleza, já tenho alguma coisa pronta". "Ih, mas os objetivos do estudo são bem diferentes....". Ah, quer saber de uma coisa: foi até bom eu ter passado o dia montando o estudo, mesmo que para nada. Estou cansada, mas pelo menos ocupou a mente.

Sexta - Volta a Amélia! Dou uma arrumadinha básica na cozinha, até faço almoço! Banho, comida e rua. Avenida Brasil, Av. Passos... Ufa, o 107 não demorou a passar, muito simpática aquela senhora no ponto! Av. Venceslau Brás esquina com a Av. Pausteur, faço sinal e o bendito ônibus para lá na Unirio... Quinze minutos, você vai chegar atrasada. Teve um ano que a Paula chegou cinco minutos atrasada e eles não deixaram ela entrar... Corre, Mírian, de salto (eu odeio salto. Vou pedir par vir menino na próxima encarnação). Droga de sinal que não fecha... Ufa, cheguei! Quanta gente! Simpáticas aquelas outras candidatas! Doze minutos para responder 45 questões, cinco minutos para responder 60 questões... Quase dois minutos para eu ir embora, mas me controlo e fico! Eita processo seletivo esquisito! Cinco e meia da tarde, vou para a Uerj, linha dois lotada. "Senhores passageiros, por favor não respirem"... Passarela, pivetinhos, Uerj... putz! a greve. "Prezados alunos, o DAA está funcionado em caráter de urgência somente de dez às quinze horas..." Av. Brasil, acidente (um carro capotado), engarrafamento, uma Kombi bate na traseira do ônibus em que estou... Ainda bem que ninguém saiu ferido, mas coitado do velhinho dono da kombi. Ele ficou desolado e a Kombi, acabada! Sentimento de peninha... Casa do tio Jorginho, montar estudo...
Ai, que bom, risadas!

Sábado
- Acorda cedo, dor nas pernas por causa do salto, digita planejamento, lê as obras básicas... Ih! Se os jovens lerem o Livro dos Espíritos nesse ponto do estudo vão matar o resto da conversa... Fica desesperada, procura texto na internet, dá um jeitinho brasileiro e pronto. Come correndo, banho correndo e vai para o Gefa... Engarrafamento na Estrada Rio-Jequiá, só pode ser sacanagem comigo! Percorre toda a Praça da Ribeira, nada de xerox... Trimm, trimm: "João, onde tem xerox aqui? ". "Na praça". "Tem não". "Então, fechou!".... Mas um jeitinho brasileiro e tudo fica bem. Passa estudo (que sempre pode ser melhor), vem a festa do Tio Jorginho... Ai, que bom, mais risadas... Cansaço e... insônia!!!! Eita semaninha esquisita!