Ao Meu Redor

29 setembro 2006

Mestre Renato

Acrilic on Canvas
Composição: Renato Russo

É saudade, então
E mais uma vez
De você fiz o desenho mais perfeito que se fez
Os traços copiei do que não aconteceu
As cores que escolhi entre as tintas que inventei
Misturei com a promessa que nós dois nunca fizemos
De um dia sermos três
Trabalhei você em luz e sombra

E era sempre: "Não foi por mal"
Eu juro que nunca quis deixar você tão triste
Sempre as mesmas desculpas
E desculpas nem sempre são sinceras
Quase nunca são

Preparei a minha tela
Com pedaços de lençóis que não chegamos a sujar
A armação fiz com madeira
Da janela do seu quarto
Do portão da sua casa
Fiz paleta e cavalete
E com as lágrimas que não ficaram com você
Destilei óleo de linhaça
E da sua cama arranquei pedaços
Que talhei em estiletes de tamanhos diferentes
E fiz, então, pincéis com seus cabelos
Fiz carvão do baton que roubei de você
E com ele marquei dois pontos de fuga
E rabisquei meu horizonte

E era sempre: "Não foi por mal"
Eu juro que não foi por mal
Eu não queria machucar você
Prometo que isso nunca vai acontecer mais uma vez

E era sempre, sempre o mesmo novamente
A mesma traição

Às vezes é difícil esquecer:
"Sinto muito, ela não mora mais aqui"
Mas então, por que eu finjo
Que acredito no que invento?
Nada disso aconteceu assim
Não foi desse jeito
Ninguém sofreu
É só você que me provoca essa saudade vazia
Tentando pintar essas flores com o nome
De "amor-perfeito"
E "não-te-esqueças-de-mim"

17 setembro 2006

Interrogatório ou entrevista?

Depois ainda tem juíza por aí dizendo que jornalista não precisa de diploma!

Mulher se suicida após conceder entrevista para CNN

Melinda Duckett foi convidada para falar sobre o desaparecimento de seu filho, mas acabou sendo interrogada como suspeita pela âncora, uma ex-promotora de justiça

LEESBURG, Estados Unidos - Conhecida por sua maneira agressiva de fazer entrevistas, a âncora da rede de TV CNN Nancy Grace viu-se envolvida em uma das história de seu programa depois que uma de suas convidadas se suicidou minutos antes de ter sua entrevista transmitida.

Melinda Duckett, uma americana de 21 anos, se matou com um tiro um dia depois de gravar a entrevista. Ela havia sido convidada para falar sobre o desaparecimento de seu filho Trenton, de dois anos, mas acabou sendo interrogada como suspeita por Nancy, uma ex-promotora de justiça.

Nancy terminou a entrevista batendo em sua mesa, de maneira enfática: "Onde você estava? Porque você não quer nos contar onde estava naquele dia?".

A polícia não quis informar se Melinda deixou um bilhete, mas disse que nada do que foi descoberto até o momento sobre a morte da mulher indica uma resolução para o desaparecimento do bebê.

Os policiais não chegaram a classificar Melinda como suspeita, mas informaram que estavam investigando os movimentos dela antes do desaparecimento do garoto.

A família de Melinda, no entanto, descartou qualquer indicação de que a jovem poderia estar envolvida. Eles disseram que o desaparecimento de Trenton empurrou Melinda para o abismo, e que a atenção da mídia sobre o caso a deixo à beira da loucura.

Embora tenha classificado o episódio como um "extremamente triste", a assessoria de Nancy Grace disse em um e-mail que o programa da CNN continuará a cobrir o caso.

"Nós sentimos a responsabilidade de despertar a atenção para esse caso na esperança de ajudar a encontrar Trenton Duckett, que permanece desaparecido", disse a porta-voz de Grace, Janine Iamunno.

14/09/2006
Fonte: Estadão on-line

04 setembro 2006

Cartas na mesa

Quem Tem Medo de Brincar de Amor
Composição: Rita Lee/Arnaldo Baptista

Sentado à noite na porta da rua
Eu sou menino
Sentada comigo na porta da rua
Ela é menina

Ah! Deixa pra lá, meu amor
Vem comigo e esquece este drama
Ou o que for sem sentido


Ama, não ama
Se ama, me chama que eu vou

Ah! Hoje em dia tudo mudou
Deixa disso
Não guarde pra si o que é meu
Vem comigo

Beijando, voando, abraçando a menina
Eu sou menino
Sentada comigo na porta da rua
Ela é menina

01 setembro 2006

Culturalmente desinteressados

Estava lá, nos telejornais, para quem tivesse ouvidos de escutar: o jovem tem no shopping seu maior lugar de entretenimento. Teatro, cinema, shows, livros? Não, simples passeios em centros comerciais são a escolha da nossa junventude.
Muitos de vocês devem estar julgando que o motivo é apenas falta de interesse: "Essa garotada está assim, alienada culturalmente". Errado. Falta de oportunidade é a chave dessa questão. Isso também estava lá nos telejornais para todos ouvirem. Mas será que eles, os políticos e autoridades brasileiras, aqueles que podem mudar essa realidade, querem escutar esse grito da nossa juventude?
Há um mundo de diferenças ensurdecedoras em toda a cidade do Rio. Enquanto a Zona Sul respira cultura, com teatros, galerias, shows espalhados em cada esquina, a Zona Norte e, principlamente, a Zona Oeste agonizam. A falta de interesse não é portanto dos nossos jovens e sim de nossos homens públicos. Estes julgam que se algum interesse deve prevalecer que seja o deles. Aí nascem a corrupção, as cuecas milionárias, os dutos de dinheiro. Nosso dinheiro escoando do interesse coletivo para o privado.
Cabe a nós, em época de eleição, parar também de nos concentrarmos apenas em nossos umbigos e votarmos olhando para o futuro, para essa juventude que definha culturalmente.