Ao Meu Redor

07 setembro 2005

Cine Privê

Que a memória do ser humano é seletiva eu já sabia, mas estou chegando a conclusão que a nossa mente, pelo menos a minha, só armazena os dados menos importantes. A maioria já deve ter visto o filme “O nome da rosa”, inspirado na novela de Umberto Eco. Se não teve a oportunidade de assistir, provavelmente leu o livro ou, no mínimo, ouviu falar. Pois bem, em meio a uma misteriosa morte de monges, ocorrida em um mosteiro do século XIII (acho que é essa a época, olha a memória seletiva atuando novamente), uma série de discussões interessantes e importantes são travadas, como, por exemplo, um debate entre os Franciscanos e os representantes do Papa acerca da pobreza de Cristo e do despojamento de riquezas por parte da Igreja Católica. A primeira vez que assisti a esse filme foi na oitava série, há nove anos, e hoje fui compelida a vê-lo outra vez, pois meu namorado precisava fazer um trabalho para a faculdade. Tenho que admitir que a minha memória, além de seletiva, é muito ruim para filmes, geralmente, dois dias depois de assisti-los, eu não consigo mais contar a história linearmente. Dentro desse quadro, esperava não lembrar de cena alguma da narrativa de Umberto Eco, afinal são nove anos. Mas, para a minha surpresa, eis que no meio do filme, me pronuncio: “Agora o Adso vai pegar a camponesa”. Como assim? Imersa em discussões filosóficas e históricas eu apenas lembro que o narrador da história come a personagem que originou o título da narrativa... Definitivamente, eu era muito pornográfica aos quatorze anos.

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