Sucursal do inferno
Quando era criança falava para o meu pai que nunca iria trabalhar no centro da cidade e ele sempre respondia: “Se você não trabalhar no centro, vai trabalhar onde?”... Primeira verdade: existiam outros lugares para trabalhar, mas não segundo a visão do meu pai. Segunda verdade: eu sempre detestei o centro por considerá-lo um lugar sujo, feio, tumultuado, quente, confuso... Nesses quatro anos de profissão só precisei passar três meses nessa sucursal do inferno e sobrevivi. Se, por questões profissionais, tivesse que voltar para lá, iria sem problemas, mas, enquanto puder, uso todas as minhas forças para evitar o contato com esse local dantesco. Hoje, depois de muito tempo, estive no Saara (mercadão localizado bem no centrão do Rio ). Acho que a última vez que andei por aquelas ruas lotadas, ainda era uma criança (provavelmente arrastada pela mão do meu pai). Terceira verdade: começo a aceitar melhor o centro da cidade. A possibilidade de encontrar de tudo no mesmo local me deixa, digamos, extasiada... Mas definitivamente, ainda não amo o centro como algumas pessoas que conheço. Se pudesse morar numa fazenda seria bem feliz, quarta verdade.
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