Ao Meu Redor

17 agosto 2006

Palavra**

"Fonema ou grupo de fonemas com uma significação", está lá no dicionário, logo no primeiro item, com uma significação... E quando a palavra é usada solta, sem querer dizer realmente nada? Ou até junto com outras, mas mesmo assim ainda sem significado? Um bando de letrinhas agrupadas simplesmente porque o autor quis, sem pensar no que sua reunião e leitura poderiam provocar no receptor... Que nome damos a isso?

Palavreado responderia o amigo dicionário: "conjunto de palavras com pouco ou nenhum nexo e importância". Acredito, no entanto, que haja nomenclaturas mais adequadas: falta de consideração, tato, senso, percepção. O senhor dicionário pode até ser muito prestativo, mas não resolve tudo, não tem a explicação para tudo. E sabem por quê? Porque é apenas um amontoado de verbetes, ali descritos sem emoção, sem sentimento, características que só o receptor do "insensato" possui e, portanto, só esse "alvo" pode nomear com exatidão o retalho de palavras.

E como gostamos de usá-las assim, formando uma imensa colcha de fuxicos! Dizemos estar com saudade por mera conveniência, por educação. Prometemos que vamos reencontrar as pessoas, que vamos nos dedicar mais, que vamos sair da inércia.... Prometemos, prometemos e prometemos... Prometemos até que vamos cumprir as promessas... E nada! No final, não temos palavra, "não cumprimos o que prometemos", temos, na verdade, palavras, "promessas vãs, enganosas", um monte delas. E essa diferença o bom e velho dicionário também nos ajuda a entender!

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**Pensando um pouco nos políticos que iniciaram essa semana suas propagandas pelos meios de comunicação. Mas não só neles e sim em todos nós, que usamos as palavras sem perceber o que podemos provocar no outro.

09 agosto 2006

Infinito Particular

Composição: Arnaldo Antunes, Marisa Monte, Carlinhos Brown

Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro, o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui e não sou de Marte
Vem, cara, me repara
Não vê, tá na cara, sou porta-bandeira de mim

Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular

Em alguns instantes
Sou pequenina e também gigante
Vem, cara, se declara
O mundo é portátil
Pra quem não tem nada a esconder
Olha minha cara
É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo
A água é potável
Daqui você pode beber

Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular