Ao Meu Redor

16 janeiro 2007

Tudo e nada

Havia pulado sete ondas, guardado os caroços de romã, feito toda a sorte de pedidos, enfim era ano novo. De um lado o mar, do outro as montanhas, benefícios da conturbada cidade carioca. Dentro, o mar e as montanhas, malefícios de uma alma tão confusa quanto a metrópole.
Dizem e ela tentava acreditar: "quando recomeça o ano, recomeça a vida". Mas nada é tão simples assim. Não é o externo que precisa mudar, não é um dia que precisa se pôr. Não podemos esperar que o mar ou as montanhas abandonem a paisagem para que nossa decisão se faça clara.
Escolhas... Doce ou salgado? Verão ou inverno? Preto ou branco?
Quem diria, tudo pode ser sinônimo de nada!
Pegou as sandálias, sacudiu a areia e voltou para casa, pelo menos lá só tinha o vista da janela vizinha.

22 dezembro 2006

Física com música ou música com Física

"O referencial é a posição em relação a qual se observa os movimentos dos objetos. Todo observador que se encontra num certo referencial considera sempre que esse está parado, pois desconhece seu próprio movimento." (Centro de Deduções Lógicas)

"Ela andou e eu fiquei ali. Ou será que fui eu que dali mudei?" (Ali - Skank)

03 dezembro 2006

Na sua estante (Pitty)

Te vejo errando e isso não é pecado
Exceto quando faz outra pessoa sangrar
Te vejo sonhando e isso dá medo
Perdido num mundo que não dá pra entrar

Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar
Se não souber voltar ao menos mande notícia
Cê acha que eu sou louca
Mas tudo vai se encaixar
Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Dessa vez eu já vesti minha armadura
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido
Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante
Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam
E essa abstinência uma hora vai passar...

20 novembro 2006

Devaneios musicais

Aqueles que me conhecem sabem: nunca fui muito a favor da teoria que a cultura de massa é um bicho-papão, alienante e manipulador, responsável por nos tornarmos seres apáticos e patéticos. Mas um ponto não posso negar: os produtos difundidos pela mídia nos influenciam e arisco até dizer nos fazem sonhar!
Esses sonhos se manifestam das mais diversas formas: no desejo de consumo, seja uma roupa, um tênis, um brinquedo; na vontade adolescente de ser popular, como os jogadores de futebol e as menininhas de "Beverly Hills" dos enlatados norte-americanos e (por quê não?) na construção de fantasias amorosas.
Quem não gostaria de ser a menina-mulher de "Garotos II"? Irresistível, enlaçando em seus mistérios todos os meninos, até os mais espertos! Mas não sejamos megalomaníacas. Não é preciso tudo isso, não são necessários vários. Basta um que nutra um sentimento verdadeiro por nós. A idéia de ser admirada a distância também é bastante interessante. Faz inclusive muito bem ao ego saber que alguém pensa em você toda a hora do dia, imagina formas de lhe abordar, talvez um poema no qual grite seu nome... Ou será melhor então um simples telefonema? A "Timidez" é o único impedimento para este admirador secreto. Assim as garotas dos anos 80 tinham sua criatividade sobreexcitada ao som do "Biquini Cavadão".
Sobreexcitação que não fica restrita há duas décadas. A banda "Reverse", com o guitarrista do Leoni, Daniel Lopes, nos leva a suspirar sonhando com um "carinha" que nos queria só de olhar, que nos renda homenagens com sorrisos e assovios bobos. Enfim, "A dançarina" que baila sobre o coração do apaixonado.
Todo esse bombardeio imaginativo (e olha que aqui estão míseros três exemplos) nos leva a devanear com relacionamentos perfeitos, cheios de lirismo, em que sejamos musas inspiradoras de músicas e poemas. É verdade que relações assim existem, mas são raras. E, se nos mantivermos obcecadas na procura desses "princípes encantados", podemos deixar alguns "sapos", no mínimo interessantes, passarem desapercebidos... Acho que está na hora de trocar o "play list" do meu pc.

25 outubro 2006

Não ser... Essa é a questão!

Comum! Até bem pouco tempo atrás estaria escrevendo essa palavra com um pouco de decepção! Mas é isso que aparento ser: uma pessoa comum. Não tenho nenhum "dom especial" na linha artística. Não sei dançar, cantar, tocar qualquer instrumento, compor... Minhas habilidades manuais tendem a zero, portanto, desenho, artesanato ou variações do gênero também não fazem parte de minhas aptidões.
Posso até estar exagerando e mesmo correndo o risco de ser piegas, mas diria que ultrapasso a fronteira da mediocridade. É a conclusão que chego ao perceber que poderia incluir na minha lista de inaptidões artísticas, itens extremamente corriqueiros, que estão longe de serem considerados arte. Não sei, por exemplo, cozinhar (nem o prato mais trivial). Não sei nadar, andar de bicicleta, dirigir...

Pois é, talvez ainda devesse sentir um pouco de decepção ao escrever “comum”... Mas não consigo! E por um motivo bem simples, as minhas inabilidades não me tornam uma pessoa qualquer ou medíocre, me tornam, na verdade, única! Elas, juntamente com minhas outras características e capacidades (mesmo que sejam à primeira vista inexistentes), compõem o meu jeito, compõem a mim. O “não saber” também me distingui dos demais, construindo minha individualidade.